sábado, setembro 07, 2002

O LIMITE DA DOR


Estranho é perceber
Que a dor que agora eu sinto
Não vem do amor que eu tenho por você,
Pois este resistiu ao tempo,
A ausência e a distância,
Resistiu até as nossas escolhas
E sobreviveu...
Sensível, profundo, inteiro,
Pois tu fostes e ainda é,
Razão de muitos poemas
E a minha maior fonte de inspiração.

Estranho é perceber
Que a dor que agora eu sinto
Vem do fato de te querer
E não poder te ter.

Estranho é perceber
Que a dor não tem limite para doer
E dói até não mais poder
E quando não pode mais doer
Mata o meu bem querer.

E então o jeito é renunciar ao sonho,
Fazer outras escolhas,
Matar a tal da esperança,
Respirar fundo e continuar a viver.

Sabendo que esta faltando alguma coisa,
Sabendo que nada mais vai ser como antes,
E que remontar os meus desmontados pedaços Vai ser tarefa árdua para o tempo
Que paciente vai anestesiar o meu pranto,
Secar minhas lágrimas e fazer parar de doer.

Não cabe um adeus neste momento,
Até por que já foi dito,
O amor desconhece o significado
Da palavra adeus.

Cabe sim, aprisionar-te em meus versos,
Sem no entanto revelar o teu nome,
Cabe sim, mulher que eu amo:
Mentir para a minha emoção,
Cometer talvez mais um engano
E transformar-te numa lembrança,
Que eu sei estará sempre presente,
Só que de um jeito suave,
Sem dor em meu coração.

(Homenageando NANDOVELHO)